Bispo Iratiense fala sobre visita Ad Limina Apostolorum 2020
Como é estar com o Papa…
Sentado ao lado do Papa Francisco, numa sala linda e aconchegante do Vaticano, durante três horas e dez minutos, pude acompanhar os seus gestos, até mesmo a sua respiração. Contemplei muita coisa naquela imagem, que era a mesma, mas sempre com novidades: o seu carinho paterno e atenção explícita para com todos, o seu modo de olhar e de falar com ternura, a sua serenidade e tranquilidade que desarma todo tipo de medo. A certeza de ser servo por amor, a plena consciência do poder que possui e o momento de Deus para realizar cada coisa. Ele disse: escrevi aquilo, vou fazer isso… mas – eu dizia para mim mesmo – cada uma dessas decisões muda o mundo. Na verdade, ele percebe isso, mas age com simplicidade, como se fosse um menino. Não se percebe nele, nem de longe, os 83 anos de idade: parece que não sente cansaço, nenhuma dor, ansiedade, preocupação…
O impacto dentro foi grande não somente pelas suas palavras. Fui transformado também por aquilo que vi: um santo vivo entre nós, a sabedoria palpitante ali ao alcance das mãos. Era transbordante a alegria nos lábios, no coração, no rosto, nos olhos. Eu vi a humildade, o amor que aquece e ilumina, a simplicidade da criança do Evangelho e também a firmeza do profeta diante do qual fica em pé só a verdade. Vi a confiança total em Deus, a leveza, a fé firme e contagiante, a esperança-certeza.
A santidade é perceptível de tal forma que cada pessoa ao seu redor se apressa em querer ajudá-lo, a colocar água no seu copo, a entregá-la na sua mão, só para se aproximar e tocar nele. Percebi a irradiação do Espírito Santo que vem dele, assim como se sente o calor que nos atinge quando se está perto do fogo.
As suas decisões, guiadas pelo Espirito Divino, independem da agitação das pessoas e do mundo. Ele vê as coisas em Deus e realiza com presteza. Não tem dúvidas. Ele fez-nos perceber que não tem medo de nada, nem passado e nem do futuro. De fato, cada um de nós podia fazer a pergunta que quisesse, sem nenhuma restrição. Aliás, ele não nos colocou nenhuma condição.
Ao vê-lo sentado entre nós, passavam-me pelo coração as imagens do Mestre que assim ensinava seus discípulos, à beira do mar da Galileia. Lá muito mais, mas também aqui, as palavras vertiam como mel do favo e eram doces ao paladar do ouvido. Tomado pela gratidão interior me percebi no grupo dos doze. Que bênção! A gratidão tomou conta de mim.
Num certo momento olhando fixamente para ele, entristecia-me que o tempo passava tão rápido e aquela manifestação de Deus logo iria terminar. Eu queria agarrar aquela hora, permanecer ali, mesmo que fosse em silêncio, a mó de Pedro que sugeriu fazer três tendas.
Acho que eu e todos os Bispos do Paraná experimentamos um pouquinho do que será a eternidade no céu. Ali estará também aquele Pedro, esse de agora e o Cordeiro será a nossa luz: não haverá choro, nem tristeza, nem culpa, nem medo. Será o Paraíso: o sonho dos sonhos!
No final daquele momento inesquecível para sempre, o Papa nos pediu: rezem por mim, não me deixem sozinho! Nesse momento me emocionei e percebi que ele é humano como você e eu!
E isso tudo que aconteceu é em vista da Igreja no Paraná, pois saindo transformados seremos mais Jesus no meio do povo! (Dom Mário Spaki – Bispo Diocesano de Paranavaí).